Venda de caminhões a gás tem grande aumento no Brasil; elétricos não decolam

Publicado em: 31/10/2025
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O mercado brasileiro de caminhões e ônibus começou a dar sinais mais claros de transformação em 2025. Embora o diesel siga predominando com 98,5% das vendas, tecnologias alternativas começam a ganhar espaço, ainda que de forma desigual.

De janeiro a agosto, os modelos movidos a gás registraram crescimento de 100,7% nos emplacamentos, segundo dados da Anfavea (associação das montadoras) e da Fenabrave (representante das concessionárias). Foram 584 unidades vendidas, contra 291 no mesmo período de 2024. Ainda que os números absolutos sejam pequenos diante da frota nacional, a evolução é considerada significativa, principalmente porque o segmento vinha patinando nos últimos anos.

A aposta em caminhões a gás tem sido impulsionada pelo transporte de médias e longas distâncias, em setores como o agronegócio, a indústria de papel e celulose e o escoamento de madeira. O movimento deve ganhar mais fôlego nos próximos anos, já que a Mercedes-Benz confirmou estar testando protótipos movidos a gás e biometano no país.

Na direção oposta, os caminhões e ônibus elétricos recuaram. O total de unidades emplacadas entre janeiro e agosto chegou a 786, queda de 7% frente às 845 registradas no mesmo período do ano passado. O desempenho negativo é ainda mais evidente entre os caminhões: apenas 238 unidades foram vendidas, contra 334 em 2024, o que representa retração de 28,7%. Em agosto, a queda chegou a 22% em relação a julho.

Especialistas apontam que a falta de incentivos fiscais e o peso dos juros altos têm desestimulado transportadores a migrar para a eletrificação. O custo inicial continua sendo o grande entrave para a adoção significativa de caminhões elétricos.

No segmento de ônibus, entretanto, o cenário é distinto. O mercado praticamente multiplicou por oito os emplacamentos em 2025. Foram 512 unidades vendidas até agosto, contra apenas 61 no ano passado, uma alta de 152,2%. A renovação de frotas urbanas movidas a diesel por veículos elétricos, em cumprimento a legislações municipais mais rígidas sobre emissões, tem sustentado esse crescimento.

São Paulo é um dos exemplos mais visíveis dessa tendência, exigindo a redução gradual da presença de ônibus a diesel na frota da capital. Marcas como Induscar, Mercedes-Benz e BYD lideram a lista de fornecedoras, com veículos já operando em linhas regulares.

Mesmo com avanços pontuais, especialistas destacam que a transição energética no transporte pesado brasileiro ainda caminha em ritmo lento e desigual. Enquanto o gás desponta como alternativa viável no curto prazo, os elétricos seguem dependentes de políticas públicas e condições econômicas mais favoráveis para deslanchar.