Ponte Rio Tocantins: estudo aponta outras 11 mil pontes brasileiras em situação de risco

Publicado em: 14/04/2025
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Um levantamento inédito, divulgado pelo jornal O Globo, indica que o Brasil pode ter, ao menos, 11 mil pontes rodoviárias em condições críticas, com risco de acidentes como o que ocorreu no Rio Tocantins, em dezembro, que resultou na morte de 14 pessoas e deixou três desaparecidos. A estimativa vem do Panorama Geral das Pontes Rodoviárias Brasileiras, estudo baseado em dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo).

O número é significativamente mais alto do que os dados oficiais do Dnit, que apontam 736 pontes classificadas em estado crítico ou ruim. Segundo os responsáveis pelo estudo — apresentado no 65º Congresso Brasileiro do Concreto — a discrepância se deve à escassez de inspeções realizadas: das mais de 113 mil pontes catalogadas no país, apenas cerca de 12 mil passaram por algum tipo de verificação técnica.

Outro dado alarmante é a idade das estruturas: cerca de 42 mil pontes têm mais de 50 anos de existência e, portanto, demandam atenção redobrada com manutenção e reabilitação. O número oficial do Dnit aponta 5,5 mil pontes nessa faixa etária, mas os pesquisadores consideram essa estimativa subdimensionada.

Na tentativa de chamar a atenção para o problema, sete associações de engenharia e infraestrutura assinaram o Manifesto pela Segurança e Manutenção das Pontes Brasileiras, publicado em outubro do ano passado. O documento propõe a criação de um plano nacional de reabilitação, com previsão orçamentária de R$ 38 bilhões anuais para garantir a manutenção adequada das estruturas.

Entre as recomendações, também está a necessidade de atualizar os limites de carga suportados pelas pontes. De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, muitas construções antigas foram projetadas para suportar veículos de até 36 toneladas, enquanto as cargas atuais já ultrapassam 45 toneladas em alguns casos.

Enquanto isso, casos de deterioração seguem sendo descobertos por acaso ou por terceiros. Em março, por exemplo, a Ponte dos Índios, no Rio Pindaré (BR-316), que conecta o Norte ao Nordeste do país no Maranhão, foi interditada após indígenas da região denunciarem corrosão severa na base da estrutura.

O Dnit, por sua vez, afirma estar em processo de reformulação do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas, que contempla investimentos estimados em R$ 5,83 bilhões para a recuperação de 816 obras consideradas em condições precárias. O órgão ainda aguarda resposta de associações e empresas da área sobre a viabilidade de participação nesse plano.

Para superar os desafios impostos pela gestão de pontes e viadutos, as autoridades responsáveis buscam ampliar as políticas de planejamento com compromisso e ações coordenadas entre os diversos níveis de governo e setores envolvidos na infraestrutura rodoviária.