O impacto das mudanças climáticas no transporte de cargas

Publicado em: 30/01/2025
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As mudanças climáticas estão moldando os desafios enfrentados pelo transporte de carga, trazendo consigo uma maior frequência de eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações, ondas de calor e incêndios florestais. Esses fenômenos afetam não apenas as estradas, pontes e ferrovias, como provocam atrasos nas entregas e perdas econômicas para as cadeias de suprimento globais.

No Brasil, eventos recentes como as inundações no Rio Grande do Sul, queimadas em diversos biomas e a intensificação de temporais em regiões produtoras agrícolas mostram o impacto direto na logística de transporte de grãos essenciais como soja e milho, bem como na distribuição da produção industrial, incluindo veículos zero-quilômetro. Esses fenômenos impactam diretamente a conectividade das rotas de transporte e aumentam os custos com manutenção das infraestruturas danificadas.

Globalmente, episódios como o furacão Harvey, que devastou a infraestrutura logística do Texas, em 2017, e os recorrentes incêndios florestais na Califórnia exemplificam os efeitos catastróficos no fluxo de mercadorias. São eventos que causam prejuízos econômicos para além das áreas diretamente afetadas, pois reverberam em países e setores interdependentes no comércio global.

Diante desse cenário, estratégias de adaptação e resiliência tornaram-se indispensáveis. Empresas de transporte ao redor do mundo estão investindo em tecnologia para melhor gerenciar riscos climáticos. Sistemas de monitoramento avançado, como sensores meteorológicos e rastreamento via satélite, possibilitam antecipar fenômenos extremos, ajustar itinerários em tempo real e proteger as mercadorias. Além disso, medidas como a identificação de rotas alternativas e pontos de armazenamento temporário ajudam a mitigar interrupções na cadeia logística.

Infraestruturas resilientes também desempenham um papel estratégico na redução de impactos. Investimentos em rodovias, ferrovias e portos mais adaptados aos desafios climáticos serão cada vez mais fundamentais para sustentar operações seguras e eficientes. O Brasil já está comprometido com esses esforços, destinando recursos significativos à manutenção e modernização de sua malha viária.

Outra peça-chave na equação é o seguro especializado. Apólices adaptadas às novas realidades climáticas protegem contra danos às mercadorias e interrupções operacionais e incentivam práticas sustentáveis. Por exemplo, seguradoras oferecem benefícios às empresas que implementam tecnologias limpas ou utilizam biocombustíveis. Iniciativas como os “corredores azuis” para caminhões movidos a gás natural, que emitem 30% menos carbono em relação ao diesel, são um exemplo claro de soluções alinhadas à sustentabilidade.

No debate internacional, eventos como a COP29 reforçaram a relevância da cooperação global para enfrentar os desafios climáticos no transporte. Durante o encontro, o Brasil, que sediará a COP30, se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, destacando a importância de promover biocombustíveis e infraestrutura resiliente. O compromisso reflete o papel de liderança do país na transição para um sistema logístico mais sustentável.

As mudanças climáticas apresentam desafios complexos que afetam toda a cadeia logística, mas também ressaltam a importância da inovação, da colaboração e do alinhamento com práticas sustentáveis. O fortalecimento da resiliência no transporte não é apenas uma necessidade para enfrentar os impactos atuais, mas também uma oportunidade de criar um sistema mais seguro, eficiente e ambientalmente responsável, que esteja preparado para os desafios das próximas décadas.