História SINACEG: a origem do caminhão cegonha e sua importância no crescimento do país

Publicado em: 27/05/2024
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No final do século XIX, o surgimento dos automóveis trouxe um dilema intrigante: como levar essas máquinas ao seu consumidor final após a produção? Alexander Winton, fundador da Winton Motor Carriage Company em 1897, estava empenhado em assegurar que os clientes recebessem veículos novos, sem quilometragem. Sua solução revolucionária foi o primeiro caminhão cegonha, um veículo modificado com um reboque plano capaz de transportar apenas um carro de cada vez, com o auxílio de três pessoas.

À medida que os automóveis ganhavam popularidade, os fabricantes necessitavam de métodos eficientes para movimentar os veículos em larga escala. Em 1910, as versões finalizadas do Ford Model T, o primeiro automóvel produzido em massa, eram carregadas em vagões ferroviários especialmente projetados – muitas vezes, um dia após sua montagem final. Geralmente, o custo do transporte recaía sobre o revendedor, que podia optar por entregar o veículo montado ou desmontado, acarretando uma série de desafios logísticos na chegada.

A expansão das rodovias nos Estados Unidos impulsionou o surgimento de um boom no transporte interestadual de automóveis. Em tempos em que as regulamentações eram escassas, caminhões ultralongos improvisavam métodos criativos para transportar de um a dois níveis de veículos. Contudo, na década de 1930, regulamentações mais rígidas promoveram métodos de transporte mais seguros, resultando nos caminhões cegonha que hoje conhecemos.

 

A CHEGADA DAS CEGONHAS NO BRASIL

No Brasil, a história dos caminhões cegonha remonta ao período pós-segunda guerra mundial, quando o país começou a experimentar um crescimento significativo na indústria automobilística. Com o aumento da produção e da demanda por veículos, surgiu a necessidade de transportá-los de maneira eficiente e em grandes quantidades.

No início, o transporte era feito pelos chamados “caravanistas”, motoristas que dirigiam os veículos, um a um, da fábrica até o ponto de venda, muitas vezes atravessando diversos estados, por estradas precárias, até seu destino. Na época, era comum concessionárias venderem carros “zero quilômetro” com mais de mil quilômetros rodados.

À medida que a indústria automobilística brasileira crescia e se desenvolvia, a demanda por métodos de transporte mais eficientes e seguros também aumentava. Isso levou ao surgimento de empresas especializadas na fabricação e operação de caminhões cegonha, que projetavam veículos dedicados exclusivamente ao transporte de automóveis. Inicialmente, o transporte era realizado em “caminhões-toco”, veículo com eixos simples na própria carroceria, que levavam de três a cinco automóveis.

É nesse período que surge o nome “caminhão cegonha”, em referência à história infantil americana da ave que leva os bebês para os casais. E, assim como a cegonha da lenda, a cegonha das estradas brasileiras também transportava sonhos.

Uma verdadeira revolução no setor foi a substituição dos tocos por composições de cavalo mecânico e carreta, que permitia o transporte de seis carros por viagem. Com o tempo, os caminhões cegonha no Brasil se tornaram mais sofisticados, com tecnologia avançada para garantir a segurança dos veículos transportados e a eficiência operacional, com uma capacidade de carga de até onze automóveis.

Hoje, esses caminhões continuam a representar um papel essencial da cadeia de suprimentos da indústria automobilística brasileira, possibilitando o transporte de milhares de veículos novos todos os anos, colaborando para o crescimento constante do país. Há 40 anos, o SINACEG faz parte dessa história, lutando pelos direitos da categoria dos cegonheiros e pela melhoria da infraestrutura rodoviária brasileira, de olho no futuro.