Hidrogênio verde: o combustível do futuro que promete revolucionar a energia

Publicado em: 24/09/2025
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O mundo se move em direção a uma matriz energética mais limpa e sustentável. Nesse cenário de urgência climática, o hidrogênio verde surge como um dos protagonistas da transição energética. A promessa é de um combustível limpo e versátil, capaz de atuar como um catalisador para descarbonizar setores de difícil eletrificação.

O hidrogênio verde, ou H2V, é uma forma de energia produzida a partir de fontes renováveis. Diferentemente do hidrogênio “cinza” ou “azul”, que são obtidos a partir de combustíveis fósseis, o H2V tem sua produção livre de emissões de carbono. Ele funciona como um vetor energético, ou seja, não é uma fonte de energia primária, mas sim um meio para armazenar e transportar energia de maneira eficiente.

O processo de obtenção do hidrogênio verde é a eletrólise da água. Nessa técnica, uma corrente elétrica é aplicada para separar o hidrogênio e o oxigênio que compõem a molécula de água (H2O). Para que o hidrogênio seja considerado “verde”, a eletricidade utilizada na eletrólise deve ser gerada por fontes 100% renováveis, como a energia solar, eólica ou hidrelétrica. O hidrogênio gasoso é então comprimido, liquefeito ou convertido em amônia, facilitando seu transporte e armazenamento para posterior uso em células de combustível, turbinas ou até mesmo na indústria.

No setor de transporte, por exemplo, ele pode ser usado em automóveis e ônibus movidos a células de combustível, que convertem o hidrogênio em eletricidade, emitindo apenas vapor d’água. Além disso, o H2V pode ser utilizado para abastecer caminhões, trens e até mesmo navios e aeronaves, substituindo combustíveis fósseis.

Um dos principais desafios para a ascensão do hidrogênio verde é a sua viabilidade econômica em larga escala. Atualmente, o custo de produção do H2V ainda é superior ao do hidrogênio obtido a partir de combustíveis fósseis, o chamado hidrogênio cinza. Essa diferença de preço se deve, principalmente, aos altos custos de capital para a instalação de eletrolisadores e a necessidade de infraestrutura robusta para a geração de energia renovável.

Para que o hidrogênio verde se torne competitivo, é essencial que os avanços tecnológicos reduzam os custos de produção dos equipamentos e que haja um aumento significativo na capacidade de produção global, o que permitirá economias de escala e a consequente redução do preço final do hidrogênio verde. A superação desse desafio é fundamental para que o H2V possa, de fato, se tornar o catalisador da transição energética em setores como o transporte e a indústria.

 

O papel do Brasil na produção de H2V

O Brasil se destaca como um dos principais candidatos a líder mundial na produção de hidrogênio verde, uma posição impulsionada por seu imenso potencial em energias renováveis. O país possui uma matriz energética já majoritariamente limpa, com destaque para a energia hidrelétrica, eólica e solar. O Nordeste brasileiro, em particular, oferece as condições ideais para a geração de energia eólica e solar em larga escala, o que viabiliza a produção do H2V a um custo competitivo.

Diversos projetos já estão em andamento, especialmente no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, considerado o principal polo de hidrogênio verde do Brasil. A localização estratégica dos portos brasileiros também é uma vantagem crucial, pois facilita a exportação do hidrogênio verde para países que demandam urgentemente soluções de descarbonização, como os da Europa e Ásia. Além de impulsionar a transição energética global, a produção em larga escala de H2V no Brasil tem potencial para gerar empregos, atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento tecnológico em diversas cadeias produtivas.

O hidrogênio verde representa uma oportunidade única para o Brasil consolidar sua liderança no mercado global de energias limpas, ao mesmo tempo em que contribui para um futuro mais sustentável para o planeta. No entanto, o país ainda enfrenta desafios relacionados a investimentos em infraestrutura, regulação e pesquisa para otimizar o processo de produção e garantir a competitividade do hidrogênio verde no mercado global.