Fraude em exames toxicológicos obrigatórios: denúncia do Fantástico expõe esquema perigoso

Publicado em: 29/11/2024
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Uma denúncia, recentemente revelada pelo Fantástico (Rede Globo), mostrou como a polícia desmantelou um esquema que fraudava exames toxicológicos obrigatórios para obtenção de habilitações que permitem dirigir veículos pesados, como caminhões. O caso trouxe à tona uma prática criminosa alarmante: fios de cabelo de crianças eram utilizados para produzir resultados favoráveis para motoristas usuários de drogas.

A operação Toxicoloko, realizada simultaneamente em três estados, prendeu oito suspeitos e coletou provas que evidenciam uma grave ameaça à segurança nas estradas do país. O esquema fraudulento envolvia a emissão ilegal de carteiras de habilitação para motoristas profissionais, burlando exigências legais.

As investigações apontam que os criminosos utilizavam cabelos de crianças para fraudar os exames toxicológicos realizados pelo Detran. Essa descoberta remonta a maio de 2022, quando, durante a apuração de um furto de cargas no Paraná, um dos envolvidos revelou ter obtido sua CNH de forma ilegal, driblando o exame toxicológico obrigatório.

Esse exame é exigido para categorias da CNH que autorizam a condução de veículos de carga e passageiros, e deve ser realizado com uma amostra de cabelo, pelo ou unha enviada para análise em laboratórios credenciados. Contudo, o esquema também fraudava outra etapa do processo: uma autoescola no interior de São Paulo, por exemplo, usava moldes de silicone das digitais de alunos para registrar presenças fictícias nas aulas obrigatórias.

Ainda de acordo com a reportagem, um dos donos dessa autoescola foi preso na operação e também responderá por porte ilegal de arma. Sua defesa nega as acusações e afirma confiar na Justiça.

O esquema, segundo as investigações, era uma “herança familiar”. Um dos articuladores continuava a prática iniciada por seu pai, falecido durante a pandemia.

A fraude envolvia pontos de coleta no Paraná, uma autoescola em São Paulo e outra em Santa Catarina, além de laboratórios credenciados. Em mensagens interceptadas, uma sócia de um posto relata ter enviado ao laboratório uma mecha de cabelo de criança, enquanto outra menciona um teste que deu positivo, questionando o resultado.

O SINACEG lamenta que esquemas como esse ainda existam no Brasil, condenando veementemente essa prática hedionda, que coloca em risco a vida de todos nas estradas e mancha a reputação de trabalhadores e empresas que prezam pela segurança e o profissionalismo. “Motoristas que burlam as regras não só representam uma ameaça, mas também desvalorizam aqueles que seguem as exigências legais e se esforçam para exercer a profissão de forma ética e responsável”, afirmou José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do SINACEG.