Demora na adoção de veículos elétricos leva União Europeia a tomar medidas

Publicado em: 08/04/2025
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A União Europeia (UE) tem enfrentado dificuldades na transição para os veículos elétricos, levando a Comissão Europeia a flexibilizar algumas das regras de emissão de CO2 para carros a gasolina. A decisão busca dar mais tempo à indústria automotiva para se adaptar, diante da queda nas vendas de elétricos e do risco de multas bilionárias para as montadoras.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que, apesar de as metas de emissão permanecerem as mesmas, haverá um período de transição de três anos, permitindo que as montadoras tenham mais flexibilidade para cumpri-las. Com isso, multas por descumprimento das metas foram postergadas para 2027, permitindo um equilíbrio entre as metas ambientais e a realidade do setor.

A medida foi bem recebida por grande parte da indústria automotiva europeia, que vinha pressionando Bruxelas por alívio nas regras. Estimativas apontam que, sem a flexibilização, as multas poderiam somar 16 bilhões de euros até o fim de 2025, sendo que só a Volkswagen projetava um impacto de 1,5 bilhão de euros este ano. A iniciativa também visa evitar que empresas europeias dependam de concorrentes estrangeiros, como Tesla e BYD, para comprar créditos de carbono.

Entretanto, algumas fabricantes que já investiram fortemente na transição elétrica criticaram a decisão, argumentando que a Europa não pode se dar ao luxo de adiar a eletrificação. A Volvo Cars, por exemplo, afirmou que a medida pode retardar a evolução da indústria europeia, abrindo ainda mais espaço para a China no setor de veículos elétricos.

Diante desse cenário, a Comissão Europeia também planeja uma série de ações para estimular a demanda por elétricos e garantir uma maior produção local de baterias. O novo plano automotivo da UE inclui incentivos para a eletrificação de frotas empresariais, que representam 60% do mercado de novos carros no bloco, e isenção de taxas rodoviárias para caminhões de emissão zero.

Além disso, a UE vai impor requisitos de conteúdo europeu para a produção de baterias, a fim de reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros. Empresas de fora do bloco só terão acesso a incentivos se firmarem parcerias com fabricantes locais, compartilhando tecnologia e conhecimento.

A falta de infraestrutura adequada para recarga também é apontada como um dos fatores que dificultam a popularização dos veículos elétricos na Europa. Em muitos países, há um número insuficiente de pontos de recarga, o que gera insegurança para os consumidores e reduz o interesse na aquisição desses modelos. Para enfrentar esse problema, a UE estuda formas de acelerar a expansão da infraestrutura de recarga, com investimentos públicos e parcerias com empresas privadas.

Outro desafio é o alto custo dos veículos elétricos em comparação aos movidos a combustão. Apesar da queda nos preços das baterias nos últimos anos, os modelos elétricos ainda são consideravelmente mais caros para o consumidor final. O fim abrupto dos subsídios para a compra de elétricos em países como a Alemanha também contribuiu para a queda das vendas. Por isso, especialistas sugerem que a UE adote uma estratégia mais consistente de incentivos, garantindo previsibilidade e segurança para o setor.

Apesar dos esforços, o mercado teme que as medidas ainda podem ser insuficientes para acelerar a transição e reduzir a defasagem da Europa em relação à China e aos Estados Unidos no setor de veículos elétricos. Para analistas, a UE precisa manter uma política firme de incentivos e infraestrutura para garantir que a mobilidade sustentável se torne uma realidade no continente.