Análise SINACEG: o papel da Inteligência Artificial na contagem e recuperação de buracos nas rodovias

Os buracos nas estradas são um perigo real para motoristas profissionais e demais usuários de rodovias no mundo todo, mesmo em países desenvolvidos. Para todas as esferas de governo, eles representam um desafio constante de manutenção e prevenção de acidentes.
No Brasil, não existe uma contagem precisa dos buracos que assolam nossas rodovias. A melhor fonte de informação é um relatório de 2023 da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que apresenta números sobre a qualidade da malha viária brasileira. O levantamento, no entanto, lida apenas com os chamados “pontos críticos”, contabilizando somente os buracos de grande porte, não levando em conta falhas menores na pavimentação. Ainda assim, a CNT aponta um total de 1.803 buracos grandes nas rodovias do nosso país.
A dificuldade em contabilizar as falhas de asfaltamento nas rodovias não é uma exclusividade do Brasil. No Reino Unido, por exemplo, esse número também era desconhecido e coube ao jornal The Guardian a tarefa de realizar um levantamento abrangente dos buracos nas estradas britânicas.
O resultado foi preocupante. Segundo o jornal, há em média seis buracos por milha (1,6 km) nas estradas da Inglaterra e do País de Gales, que geraram, apenas em 2024, 579 milhões de libras em gastos com consertos de veículos danificados. Em resposta, a Secretaria de Transportes do Reino Unido prometeu 1,6 bilhão de libras para reparos nas estradas.
Já na Coreia do Sul, a utilização de tecnologia de ponta apresenta uma solução que serve de exemplo para o mundo todo. O Instituto Coreano de Engenharia Civil e Tecnologia de Construção (KICT) desenvolveu um sistema baseado em inteligência artificial para aprimorar o monitoramento e a recuperação de vias.
Batizado de “Programa de Filtragem de Buracos em Estradas”, o projeto utiliza IA para analisar dados oficiais e detectar falhas na pavimentação. Após um período de treinamento, o sistema será atualizado a cada três horas e enviará relatórios ao Escritório de Gerenciamento de Terras, responsável por coordenar os reparos, reduzindo drasticamente o tempo de resposta para a manutenção de rodovias e, em última análise, prevenindo acidentes.
Inspirado nessa solução sul-coreana, um sistema baseado em inteligência artificial poderia revolucionar a manutenção das estradas brasileiras. Um programa de mapeamento automatizado poderia identificar buracos e falhas na pavimentação de forma rápida e eficiente, permitindo ações corretivas mais ágeis.
A ideia envolve investimento em tecnologia e ações práticas muito desafiadoras para um país do tamanho do Brasil, 85 vezes maior que a Coreia do Sul. Seria necessário integrar sensores a veículos de serviço ou utilizar imagens de satélite para alimentar um banco de dados atualizado em tempo real, permitindo que órgãos responsáveis pela manutenção, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e os Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem (DERs), recebessem relatórios frequentes sobre as condições das vias, priorizando trechos mais críticos.
“O SINACEG vem participando ativamente do debate sobre a utilização da IA no monitoramento das condições das rodovias, pois sua utilização poderia melhorar significativamente a segurança viária”, aponta Márcio Galdino, diretor regional do sindicato. “Acreditamos que essa tecnologia também tem potencial para auxiliar prefeituras e governos estaduais a planejar investimentos mais eficazes na infraestrutura rodoviária, reduzindo custos a longo prazo.”
No Brasil, as condições climáticas e a alta circulação de veículos pesados agravam o desgaste das rodovias. Chuvas intensas, comuns em várias regiões, aceleram a deterioração do asfalto, formando buracos que se multiplicam rapidamente. A implementação de sistemas como esse pode ser um grande passo para modernizar a gestão das estradas brasileiras, garantindo melhores condições de tráfego e mais segurança para quem percorre o país diariamente.