Tecnologia IWM: motor integrado às rodas promete mudar o futuro dos carros
Montadoras como Toyota, BMW e startups europeias estão apostando em uma tecnologia que pode redefinir o design e a eficiência dos carros elétricos: os motores integrados às rodas, conhecidos como IWMs (In-Wheel Motors). A ideia não é nova, foi apresentada por Ferdinand Porsche no Salão de Paris de 1900, mas só agora, mais de um século depois, encontra maturidade técnica e condições de mercado para se tornar realidade.
Nos IWMs, cada roda recebe seu próprio motor elétrico, o que elimina componentes tradicionais como eixos, diferenciais e transmissões. Essa arquitetura reduz o peso total do veículo, simplifica a mecânica e melhora a eficiência energética. Além disso, o controle individual de cada roda permite otimizar a tração e a estabilidade em curvas, e até realizar manobras impossíveis com motores centralizados, como girar sobre o próprio eixo.
A tecnologia também abre novas possibilidades de design. Sem a necessidade de um grande compartimento para o motor, as montadoras podem adotar cabines mais amplas ou incluir baterias maiores, ampliando a autonomia. Em teoria, veículos com motores nas rodas podem percorrer distâncias maiores com uma única carga, combinando conforto, desempenho e eficiência.
Entre as empresas mais avançadas nesse campo está a britânica Protean Electric, que já produz o ProteanDrive Pd18, um motor de quinta geração para rodas de 18 polegadas. O sistema entrega até 1.500 Nm de torque e foi projetado para durar 15 anos ou 300 mil km. Já a Donut Labs, startup com sedes no Reino Unido e na Finlândia, apresentou na CES 2025 um protótipo ainda mais potente: 630 kW e 4.300 Nm em uma roda de 21 polegadas, pesando apenas 40 kg.
Outras fabricantes seguem o mesmo caminho. A BMW e a DeepDrive trabalham em um motor axial compacto de rotor duplo, ideal para tração integral independente. A Toyota registrou patente de um motor com engrenagem helicoidal integrada à roda, e a americana Aptera Motors promete até 1.600 km de autonomia em seu triciclo elétrico graças à eficiência dos IWMs.
Apesar do potencial, há desafios técnicos a superar, como o aumento da massa não suspensa – que pode afetar a estabilidade – e a necessidade de sistemas de refrigeração eficientes. Para contornar essas limitações, novas soluções em materiais e suspensão vêm sendo testadas.
Especialistas acreditam que a adoção comercial em larga escala está próxima. Inicialmente, os motores nas rodas devem equipar modelos de luxo ou veículos especializados, mas podem se popularizar à medida que custos e complexidade diminuam.
Mais de 120 anos depois de sua primeira aparição, a tecnologia que parecia futurista demais para o seu tempo volta com força. Agora, com eletrônica avançada e novos materiais, os motores nas rodas podem inaugurar uma era para os automóveis.
