Análise SINACEG: A transição energética no transporte de carga

Publicado em: 13/05/2024
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O cenário atual do transporte rodoviário de cargas está passando por uma transformação revolucionária impulsionada pela eletrificação. Com a crescente preocupação com as emissões de carbono e a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, a eletrificação emerge como uma solução promissora para tornar o setor mais sustentável.

Hoje temos um número crescente de veículos elétricos no mercado, desde pequenos caminhões de entrega até veículos para cargas de grande porte. Empresas de renome mundial, como Tesla, Mercedes Benz e Volvo, estão investindo pesadamente no desenvolvimento e na produção de caminhões elétricos, impulsionando a adoção dessa tecnologia.

Em 2022, quase 66.000 ônibus elétricos e 60.000 caminhões médios e pesados foram vendidos em todo o mundo, representando cerca de 4,5% de todas as vendas de ônibus e 1,2% das vendas de caminhões em todo o mundo. A China é responsável por cerca de 80% a 85% das vendas globais, com 54.000 novos ônibus elétricos e aproximadamente 52.000 caminhões médios e pesados elétricos. Além disso, muitos dos ônibus e caminhões vendidos na América Latina, América do Norte e Europa são de marcas chinesas.

Os dados mostram que número de modelos disponíveis para caminhões de emissão zero seguiu em expansão em 2022, com quase 840 modelos atuais e anunciados de veículos médios e pesados no banco de dados da Global Drive to Zero Emission Technology Inventory (ZETI).

No Brasil, a venda de caminhões elétricos ainda é bastante tímida. Nos dois primeiros meses de 2024, foram emplacados apenas 77 veículos desse tipo. Esse resultado representa uma queda de 6,10% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 82 unidades foram vendidas, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

O caminhão elétrico mais emplacado no país é o Volkswagen e-Delivery, um produto 100% nacional, desenvolvido no Brasil pela engenharia da VWCO. No primeiro bimestre, foram comercializadas 51 unidades, sendo 45 do modelo de 14 t e as outras seis unidades do e-Delivery 11 t, somando 66,90% de mercado.

Quando o assunto é veículo para cargas mais pesadas para transporte rodoviário, os chineses aparecem com destaque na eletrificação da frota.  Afinal, o único modelo disponível no Brasil é o E7-49T, da montadora chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group Co. Ltd.).

Desde 2004, a XCMG está presente no mercado brasileiro, com uma fábrica em Pouso Alegre (MG), cuja construção, em 2014, demandou um investimento de US$ 500 milhões. Além disso, possui outras três unidades em Guarulhos (SP), Contagem (MG) e Parauapebas (PA), focadas no suporte ao produto. O E7-49T comercializado no Brasil é importado da China.

 

Perspectivas de futuro

Diante do cenário de transição energética, a empresa chinesa tem investido na substituição progressiva das tradicionais máquinas a diesel, visando neutralizar suas emissões de carbono. Nesse contexto, a XCMG Brasil está rapidamente estabelecendo um novo mercado de caminhões e máquinas pesadas elétricos, com mais de 600 novos equipamentos já introduzidos no país, impulsionando a economia verde.

A gigante chinesa está investindo R$ 270 milhões em sua operação no Brasil, que já conta com a maior fábrica da marca no mundo, com o objetivo de produzir um E7-49T totalmente nacional. Já a BYD está atualmente empenhada na construção de três novas fábricas em Camaçari, Bahia, com o propósito de fabricar caminhões elétricos, veículos elétricos e híbridos, além de chassis de ônibus. Esses empreendimentos representam um investimento total de R$ 3 bilhões. Adicionalmente, está prevista a inauguração de um centro de pesquisa em Salvador, voltado para o desenvolvimento de tecnologia de motor híbrido flex, visando a integração de etanol com motor elétrico.

O SINACEG mantém um olhar atento sobre esse horizonte de transformação que representa um ponto de inflexão na transição energética, além de um passo importante para a reindustrialização do país. Em um mundo em que a sustentabilidade é uma prioridade, a eletrificação do transporte rodoviário de cargas surge como uma solução viável e necessária. À medida que mais empresas adotam essa tecnologia e o governo implementa políticas de apoio, podemos esperar uma transição significativa para um futuro mais limpo e verde no transporte de cargas.